Teologia

Página atualizada em 25/12/2001

Contemplando o Menino

A música de fundo se chama "Ninguém te ama como eu" e é uma das músicas que mais gosto

Retornei novamente, à cidadezinha de Belém de Judá. Como todos os peregrinos, curvei-me para entrar na antiqüíssima Basílica da Natividade. Dizem que os persas não a destruíram, em sua devastadora passagem pela Palestina, porque as figuras dos Magos em suas paredes trajavam-se como eles. Em princípio de outubro, em meio à violência da nova intifada das crianças e jovens palestinos e à reação desmedida dos Israelenses, felizmente nos foi possível peregrinar a Belém.
Depois de longa espera, entramos na pequena gruta transformada em capela. Beijamos a grande estrela dourada sobre o local da manjedoura. Li mais uma vez, comovido, o "Hic Verbum factum est - Aqui o Verbo de Deus se fez carne!". Recorda o histórico evento de dois mil anos atrás.
Aquele singelo ambiente convida, insistentemente, a uma releitura dos fatos, à meditação e à prece. Exatamente ali uma Virgem deu à luz o Filho concebido, por obra do Espírito Santo (Lc 1,36). Um decreto do Imperador Tibério César fez com que ela, grávida, e José deixassem Nazaré. Foi uma longa viagem margeando o rio Jordão. Passaram por Siquém, na Samaria, dirigiram-se para Jericó, no deserto da Judéia.
Naqueles dias, Belém regurgitava de gente. Todos tinham chegado para recensear-se na cidade dos seus antepassados. Era ordem e o costume era esse. Ela, Maria percorreu aqueles mais de cem quilômetros com muita dificuldade. Ia avançada a sua gravidez. Em Belém, ninguém os acolheu. Nem mesmo na hospedaria pública havia lugar para eles. Afinal, o nascimento de um bebê sempre cria tantos problemas...
A Ela e a José não restou senão abrigarem-se em uma das grutas dos arredores. Havia outras. Exatamente naquela, segundo antiga tradição, completaram-se os nove meses. Nasceu o Menino. Fazia frio naquela noite. Ainda bem que a jovem mãe providenciara alguns panos. Com eles, envolveu e agasalhou seu filho. As palhas e o feno, o arfar de uns pobres animais, o amor daquela Mãe e de José, compensavam os incômodos da gruta.
Não é difícil imaginar como se deram as coisas. Em meio às dores de sempre, ela "deu à luz o seu primogênito" (Lc 2,7). Na realidade, era o seu unigênito. Ela concebera virginalmente o seu menino. Ele passou por seu corpo como um raio de sol por um cristal. Tornou-o mais brilhante, sem violar a sua integridade. Realizou-se, então, a profecia messiânica de Isaías: "Eis que uma jovem conceberá e dará à luz um filho. Seu nome será Emmanuel, Deus conosco" (7,14). Não seria um sinal maravilhoso um milagre como o profeta prometera a Acaz se não se tratasse de uma concepção e nascimento virginais. Deus. Compenetrado, sigo os passos dos pastores. Eles vêm dos campos de Belém. Tangendo as suas ovelhas na calada da noite. Entram na gruta. Encontram o menino envolto em panos, colocado num presépio. Contemplativos e em adoração, Maria, sua jovem mãe, José. A criança não sorri. Chora e dorme como todo recém-nascido. Afinal, fazia frio naquela noite. (que puderam fazer os pastores senão glorificar a Deus? Aquela era a grande notícia que lhes fora dada: "Nasceu-lhes hoje o Salvador" (Lc 2,11). Deus acabara de dar à humanidade o seu próprio Filho. Uma criança como tantas outras? Sim e Não! Sim, porque era um bebê recém-nascido. Não porque ali estava o Verbo de Deus. "Tendo uma natureza divina, aniquüilou-se, assemelhando-se aos homens"(Fp 2,7). Frágil e cativante como toda criança!
Ante a cena da Natividade, representada em milhares e milhares de presépios das nossas igrejas, não sei o que mais admirar. Se José, sabendo do mistério da maternidade virginal de sua esposa, mas um tanto por fora do evento. Espectador, mais que protagonista. Se Maria, tão jovem e bela, era levada diante do seu Menino. Se o próprio Menino, bracinhos abertos para a sua Mãe e os pastores, suplicando proteção e implorando o leite materno.
Faz exatamente dois mil anos. Correu muito tempo. Séculos e séculos! Logo mais, na noite de Natal, estaremos comemorando o seu aniversário. Dois bilhões de cristãos estarão reunidos em suas igrejas, celebrando, mais uma vez, o grande evento. Sem dúvida, o maior e mais histórico entre os históricos. E o nascimento no tempo do Filho de Deus, gerado, desde todo o sempre, no seio da Trindade. Na Eternidade, ele foi gerado sem mãe. No tempo, sem pai. Mas conta com um sem número de irmãos e irmãs...
Neste Natal de fim de século (e milênio!), você não pode deixar de ir até Belém. Nada ou ninguém poderá distraí-lo do amor de Deus. O Menino e sua Mãe esperam por você. Por mim e por todos. Agora, o que lhe interessa não são os pastores. Menos ainda os reis magos. E você! Somos todos nós! Nossa presença e nosso amor. Nossa visita e gratidão. Sim, "porque Deus amou tanto o mundo que lhe enviou seu próprio filho!" (Jo 3,16). Não deixe de acercar-se, reverente e agradecido, do Menino. Ele suplica um lugar em seu coração..

© Dom Amaury Castanho

Dom Amaury novamente surpreende com uma sensibilidade extremada da visão de Jesus - coisa de quem não apenas ama ao Cristo, mas transpira o seu amor divino. É impossível ler e não se emocionar; Parece que estou junto dele observando a manjedoura. É muito difícil expressar uma opinião pessoal sobre essa pessoa maravilhosa que há mais de 50 anos se dedica a levar Jesus Cristo aos necessitados de Sua Palavra. Em certos momentos sinto a alma enlevada e suas palavras vão ao coração. Com tanta ternura que me familiarizo com a pessoa de Jesus, que tenho tanto procurado usar como reflexo de minhas atitudes, mas que consigo apenas parecer uma garatuja daquilo que ele foi. E ele ainda nos ama até hoje, apesar de o termos crucificado tantas e tantas vezes.

Deixemos o Jesus nascido nestes tempos difíceis, nos guie nessa reflexão.
Pense a respeito.

© Prof. Engº Luiz Antonio Vargas Pinto


Esse texto é o meu protesto solitário á crueldade humana.

24 - 03 - 2000
KOSOVO
Mulheres de Kosovo dão à luz a bebês gerados em abuso sexual de sérvios

BONN. Um ano depois de iniciados os 78 dias de bombardeios da Otan em Kosovo, completado hoje, a vida de milhares de fugitivos está longe de voltar ao normal. Dos 900 mil kosovares albaneses que deixaram suas casas, 70 mil continuam longe delas. Sobretudo mulheres sofrem os traumas da guerra e da violência sexual praticada pelos sérvios. Isabela Stock, da organização Medica Mondiale, de Colônia, na Alemanha, conta que pelo menos cem bebês nascidos em Pristina e nas redondezas foram abandonados pelas mães por terem sido gerados em estupros.
A organização abriu um centro de terapia em Gjakove, Kosovo, onde trata 650 mulheres que são duplamente vítimas da guerra. Além de terem perdido casa, marido e de serem marcadas pela violência sexual, são punidas pelo puritanismo e patriarcalismo de suas famílias muçulmanas. Mamara, de 17 anos, vive no centro, acaba de ter um bebê e não tem para onde ir.
- Muitas mulheres se suicidam por não encontrarem uma saída para sua situação - diz Isabela, depois de voltar de uma viagem aos centros de terapia da Medica Mondiale.
      Com o marido, Iso, e a filha de 4 anos, Teuta fugiu de Pristina para a Alemanha pouco depois do inicio dos bombardeios da Otan. Há quatro meses teve mais uma menina, Rida, filha de um desconhecido sérvio, gerada em um dos estupros de que foi vítima nas três semanas que passou numa prisão sérvia. Os quatro vivem em Berlim, num quarto cedido pela Prefeitura, mas em breve serão obrigados a deixar a cidade. Com o fim da guerra, os fugitivos perderam o direito de ficar na Alemanha. A mulher que admite ter sido vítima de estupro é abandonada pelo marido e até pelos pais.

Fonte: O Globo

Não deixemos nosso foco espiritual centrar na questão do "aborto" ou do "abandono" mas no "estupro", uma das atitudes "humanas" mais cruéis que podem ser cometidas. É uma desgraça que, no início do século XXI, ainda existam "homens" que pensem e ajam desta forma.


Boa leitura e que Deus o abençoe. Se sentir vontade de dizer algo, envie sua opinião ou comentários.

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