Retornei
novamente, à cidadezinha de Belém de Judá. Como todos os peregrinos,
curvei-me para entrar na antiqüíssima Basílica da Natividade. Dizem que os
persas não a destruíram, em sua devastadora passagem pela Palestina,
porque as figuras dos Magos em suas paredes trajavam-se como eles. Em
princípio de outubro, em meio à violência da nova intifada das crianças e
jovens palestinos e à reação desmedida dos Israelenses, felizmente nos foi
possível peregrinar a Belém. Depois de longa espera, entramos na
pequena gruta transformada em capela. Beijamos a grande estrela dourada
sobre o local da manjedoura. Li mais uma vez, comovido, o "Hic Verbum
factum est - Aqui o Verbo de Deus se fez carne!". Recorda o histórico
evento de dois mil anos atrás. Aquele singelo ambiente convida,
insistentemente, a uma releitura dos fatos, à meditação e à prece.
Exatamente ali uma Virgem deu à luz o Filho concebido, por obra do
Espírito Santo (Lc 1,36). Um decreto do Imperador Tibério César fez com
que ela, grávida, e José deixassem Nazaré. Foi uma longa viagem margeando
o rio Jordão. Passaram por Siquém, na Samaria, dirigiram-se para Jericó,
no deserto da Judéia. Naqueles dias, Belém regurgitava de gente. Todos
tinham chegado para recensear-se na cidade dos seus antepassados. Era
ordem e o costume era esse. Ela, Maria percorreu aqueles mais de cem
quilômetros com muita dificuldade. Ia avançada a sua gravidez. Em Belém,
ninguém os acolheu. Nem mesmo na hospedaria pública havia lugar para eles.
Afinal, o nascimento de um bebê sempre cria tantos problemas... A Ela e
a José não restou senão abrigarem-se em uma das grutas dos arredores.
Havia outras. Exatamente naquela, segundo antiga tradição, completaram-se
os nove meses. Nasceu o Menino. Fazia frio naquela noite. Ainda bem que a
jovem mãe providenciara alguns panos. Com eles, envolveu e agasalhou seu
filho. As palhas e o feno, o arfar de uns pobres animais, o amor daquela
Mãe e de José, compensavam os incômodos da gruta. Não é difícil
imaginar como se deram as coisas. Em meio às dores de sempre, ela "deu à
luz o seu primogênito" (Lc 2,7). Na realidade, era o seu unigênito. Ela
concebera virginalmente o seu menino. Ele passou por seu corpo como um
raio de sol por um cristal. Tornou-o mais brilhante, sem violar a sua
integridade. Realizou-se, então, a profecia messiânica de Isaías: "Eis que
uma jovem conceberá e dará à luz um filho. Seu nome será Emmanuel, Deus
conosco" (7,14). Não seria um sinal maravilhoso um milagre como o profeta
prometera a Acaz se não se tratasse de uma concepção e nascimento
virginais. Deus. Compenetrado, sigo os passos dos pastores. Eles vêm dos
campos de Belém. Tangendo as suas ovelhas na calada da noite. Entram na
gruta. Encontram o menino envolto em panos, colocado num presépio.
Contemplativos e em adoração, Maria, sua jovem mãe, José. A criança não
sorri. Chora e dorme como todo recém-nascido. Afinal, fazia frio naquela
noite. (que puderam fazer os pastores senão glorificar a Deus? Aquela era
a grande notícia que lhes fora dada: "Nasceu-lhes hoje o Salvador" (Lc
2,11). Deus acabara de dar à humanidade o seu próprio Filho. Uma criança
como tantas outras? Sim e Não! Sim, porque era um bebê recém-nascido. Não
porque ali estava o Verbo de Deus. "Tendo uma natureza divina,
aniquüilou-se, assemelhando-se aos homens"(Fp 2,7). Frágil e cativante
como toda criança! Ante a cena da Natividade, representada em milhares
e milhares de presépios das nossas igrejas, não sei o que mais admirar. Se
José, sabendo do mistério da maternidade virginal de sua esposa, mas um
tanto por fora do evento. Espectador, mais que protagonista. Se Maria, tão
jovem e bela, era levada diante do seu Menino. Se o próprio Menino,
bracinhos abertos para a sua Mãe e os pastores, suplicando proteção e
implorando o leite materno. Faz exatamente dois mil anos. Correu muito
tempo. Séculos e séculos! Logo mais, na noite de Natal, estaremos
comemorando o seu aniversário. Dois bilhões de cristãos estarão reunidos
em suas igrejas, celebrando, mais uma vez, o grande evento. Sem dúvida, o
maior e mais histórico entre os históricos. E o nascimento no tempo do
Filho de Deus, gerado, desde todo o sempre, no seio da Trindade. Na
Eternidade, ele foi gerado sem mãe. No tempo, sem pai. Mas conta com um
sem número de irmãos e irmãs... Neste Natal de fim de século (e
milênio!), você não pode deixar de ir até Belém. Nada ou ninguém poderá
distraí-lo do amor de Deus. O Menino e sua Mãe esperam por você. Por mim e
por todos. Agora, o que lhe interessa não são os pastores. Menos ainda os
reis magos. E você! Somos todos nós! Nossa presença e nosso amor. Nossa
visita e gratidão. Sim, "porque Deus amou tanto o mundo que lhe enviou seu
próprio filho!" (Jo 3,16). Não deixe de acercar-se, reverente e
agradecido, do Menino. Ele suplica um lugar em seu coração..
© Dom Amaury Castanho
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Dom Amaury novamente surpreende com uma
sensibilidade extremada da visão de Jesus - coisa de quem não apenas ama
ao Cristo, mas transpira o seu amor divino. É impossível ler e não se
emocionar; Parece que estou junto dele observando a manjedoura. É muito
difícil expressar uma opinião pessoal sobre essa pessoa maravilhosa que há
mais de 50 anos se dedica a levar Jesus Cristo aos necessitados de Sua
Palavra. Em certos momentos sinto a alma enlevada e suas palavras vão ao
coração. Com tanta ternura que me familiarizo com a pessoa de Jesus, que
tenho tanto procurado usar como reflexo de minhas atitudes, mas que
consigo apenas parecer uma garatuja daquilo que ele foi. E ele ainda nos
ama até hoje, apesar de o termos crucificado tantas e tantas vezes.
Deixemos o Jesus nascido nestes tempos
difíceis, nos guie nessa reflexão. Pense a respeito.
© Prof. Engº Luiz Antonio Vargas
Pinto
Esse texto é o meu protesto solitário á
crueldade humana.
24 - 03 - 2000
KOSOVO Mulheres de Kosovo dão à luz a
bebês gerados em abuso sexual de sérvios
BONN. Um ano depois de iniciados os 78 dias de
bombardeios da Otan em Kosovo, completado hoje, a vida de milhares de
fugitivos está longe de voltar ao normal. Dos 900 mil kosovares albaneses
que deixaram suas casas, 70 mil continuam longe delas. Sobretudo mulheres
sofrem os traumas da guerra e da violência sexual praticada pelos sérvios.
Isabela Stock, da organização Medica Mondiale, de Colônia, na Alemanha,
conta que pelo menos cem bebês nascidos em Pristina e nas redondezas foram
abandonados pelas mães por terem sido gerados em estupros. A
organização abriu um centro de terapia em Gjakove, Kosovo, onde trata 650
mulheres que são duplamente vítimas da guerra. Além de terem perdido casa,
marido e de serem marcadas pela violência sexual, são punidas pelo
puritanismo e patriarcalismo de suas famílias muçulmanas. Mamara, de 17
anos, vive no centro, acaba de ter um bebê e não tem para onde ir. -
Muitas mulheres se suicidam por não encontrarem uma saída para sua
situação - diz Isabela, depois de voltar de uma viagem aos centros de
terapia da Medica Mondiale. Com o
marido, Iso, e a filha de 4 anos, Teuta fugiu de Pristina para a Alemanha
pouco depois do inicio dos bombardeios da Otan. Há quatro meses teve mais
uma menina, Rida, filha de um desconhecido sérvio, gerada em um dos
estupros de que foi vítima nas três semanas que passou numa prisão sérvia.
Os quatro vivem em Berlim, num quarto cedido pela Prefeitura, mas em breve
serão obrigados a deixar a cidade. Com o fim da guerra, os fugitivos
perderam o direito de ficar na Alemanha. A mulher que admite ter sido
vítima de estupro é abandonada pelo marido e até pelos pais.
Fonte: O
Globo
Não deixemos nosso foco espiritual centrar na
questão do "aborto" ou do "abandono" mas no "estupro", uma das
atitudes "humanas" mais cruéis que podem ser cometidas. É uma desgraça
que, no início do século XXI, ainda existam "homens" que pensem e ajam
desta forma.
Boa leitura e que Deus o abençoe. Se sentir
vontade de dizer algo, envie sua opinião ou comentários.
Creia.. eles serão
bem-vindos.
Reflita sobre
isso.

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