O tempo passou...

   Quase não prestei atenção em nada. Foi o Natal, o Ano Novo e a vida simplesmente continuou. Mas houve uma diferença. Passei o Ano Novo e o Natal com minha mãe. Duas semanas após isto, ela se foi.
   Por quase três semanas ela ficou na UTI e se foi. Ainda que eu já esperasse que isto ocorresse em algum momento, confesso que me surpreendi com o fato. Acho que ainda não estava pronto. Isto como se houvesse um curso preparatório.
   A vida não segue regras ortodoxas e a própria morte não é um castigo, assim as regras dela são sempre surpreendentes e inéditas.
   Compreendi depois de muito pensar, que, ninguém está pronto para morrer e muito menos para prever o quando acontecerá.
   Agora faz muito mais sentido o que li em Lc 12,37-40:"
37Bem-aventurados aqueles servos, aos quais o senhor, quando vier, achar vigiando! Em verdade vos digo que se cingirá, e os fará reclinar-se à mesa e, chegando-se, os servirá.
38Quer venha na segunda vigília, quer na terceira, bem-aventurados serão eles, se assim os achar.
39 Sabei, porém, isto: se o dono da casa soubesse a que hora havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria minar a sua casa.
40 Estai vós também apercebidos; porque, numa hora em que não penseis, virá o Filho do homem.
" muitos anos atrás.
   Esta é a cobrança pelo imprevisto. A dor se mistura ao vazio, a solidão, a
auto-piedade e nos tornamos alguma coisa diferente do dia-a-dia.
  Por um tempo indeterminado revisamos nossos conceitos diários, repensando nossos valores, a nossa relação com a vida, com a profissão, com a nossa própria personalidade.
  Claro que isto não surte efeito imediato. Não é a solução, mas o caminho para esta.

   Percebi que nem meu pai e nem minha mãe estavam prontos para morrer. Meu pai morreu após conversar no telefone; Minha mãe acabara de passar por um exame de tomografia e, entubada e sedada, não sentiu o derrame fatal.
   Não há culpados e nem teria porque. Se todas as mortes pudessem ser evitadas e compreendidas seríamos onipotentes - isto é que é absurdo.
   Mas isto não justifica as atitudes erradas de certas pessoas em relação a vida. Matar não é justificável e correto.

   Mas eu não quero discutir a moral da morte, não é o meu momento, e me recuso discutir. Falo da morte, lembrando que quando minha mãe foi para sua última internação em São Paulo, ela se despediu como se fosse voltar amanhã, mas nunca mais voltou. Isto prova seu despreparo com a morte e talvez, conseqüentemente, com a própria vida. Isto, entretanto, é com Deus, e eu apenas falo com Ele em oração... e sou muito ruim nisso.
   Digo isto pois "Deus escreve certo por linhas certas, nós é que enxergamos torto.
  Mãe, aqui só posso lhe render minhas homenagens, mas os bits são para sempre...

  Breve será a nossa vez... quando!? Não sei. Assim, vivamos como se agora fosse nosso último momento, sabendo o tribunal que nos espera a seguir.

  E você... já pensou nisso. Se terminou de ler, há alguma chance, siga em frente...

  Ah! Só queria te dizer que acabou a feira onde mostrei o elevador. Foi uma pena você não estar lá para ver. Foi incrível. Tudo funcionou dentro do esperado.
  Mais que qualquer prêmio, valeu pela sua confiança. Na verdade não ganhei nenhum prêmio especial, mas sei que Deus me deu muito mais do que eu merecia e sei que pude ajudar muita gente.
      Certas coisas não podem ser medidas em fatos, apenas com o tempo vemos o verdadeiro resultado de nossas ações.
   Um grande beijo. (troquei a música, e espero que você goste).
   Ainda sinto muita a sua ausência.