Teologia

página apresentada em 01/11/2000

 Finados... A difícil lição de vida

A música de fundo se chama "Ninguém te ama como eu" e é uma das músicas que mais gosto

A morte parece não fazer parte do nosso cotidiano: Ela muitas vezes, passa despercebida ou não é comentada dentro deste estafaste mundo pós-moderno. Até mesmo as maiores tragédias já não causam tanto impacto. A morte se tornou corriqueira em meio à tanta violência social, mas individualmente cremos que todas essas coisas não acontecerão conosco. Nós nos enclausuramos em nossos conventinhos particulares e ai vivemos isolados, tendo a mídia como companheira reveladora do que ocorre extra muros. A morte... só para os outros!
Mas a Igreja alerta para essa realidade, principalmente para estarmos preparados porque não sabemos o dia, nem a hora. No início do tempo quaresmal, Ela é mais contundente: "Lembra-te que és pó, e ao pó voltarás"! 
Na verdade, a Igreja quer mostrar que o grande ensinamento da morte é o profundo desejo de se viver intensamente.

Para nós, cristãos, comemorar o dia dos mortos ou Finados é lembrar a esperança da ressurreição prometida e garantida por Jesus.

A morte seria, então, um importante momento de passagem, para a convivência com o Senhor.
No cemitério, ouvi de um dos celebrantes da Eucaristia que a vida não teria a menor graça se não fosse a certeza da vida eterna. A vida não teria a sua coroação, a nossa esperança seria insignificante e a própria vida correria o risco de ser banalizada. Para nós seguidores do mestre Jesus, a vida atual queremos vivê-la como se ela fosse o depois exercitando-a intensamente; comunitariamente e envolvendo um número cada vez maior dos que buscam a salvação, isto é, a vida plena.
Dentro desse contexto, volto meu olhar para um artigo escrito por Rubem Alves, onde ele mostrou como uma comunidade deu uma enorme guinada em sua vida a partir da morte de um de seus membros. As pessoas que preparavam o defunto passaram a refletir o que tinha sido a vida daquele morto e concluíram; com espanto; que, a vida daquela pessoa tinha sido a mesmice de todos os habitantes daquele local. Afinal, estar morta ou viver ali era a mesma coisa. Isso significava que ninguém estava realmente vivendo, apenas vegetando num mundo desprovido de sentido. O problema desse grupo não era o de enterrar o defunto que ali se encontrava, mas o defunto malcheiroso que habitava em cada um deles.
A partir desse enterro, a vida brotou vigorosa no povoado. Continuo, assim, afirmando, que a grande lição da morte é a de tornar-nos aficionados pela vida. Conheço um professor que afirma que o melhor presente que podemos dar a muitas pessoas é uma pá, para que enterrem o defunto que trazem dentro de si.
Não posso deixar de denunciar os muitos sinais de morte que fazem da vida uma verdadeira desgraça. São o desemprego; os salários de fome, a falta de oportunidade para todos, a exclusão social, a omissão dos poderes constituídos o egoísmo a ganância e outras misérias mais com as quais os previno!
Eliminar o que conduz á morte é obrigação do cristão. Um remédio essencial para reavivar é a educação, que leva em conta o ser humano e seus valores. Educação sabor vital! Sabor Cristo! Sabor Maria!
Saia do cemitério das suas angústias, chega de passar desodorante em seu defunto lamurioso, parta para a vida abundante garantida por Jesus:
"Aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá. E todo aquele que vive e crê em Mim, jamais morrerá. Crês nisto?" (Jo 11,25-26).

© João José Corrêa Sampaio

Meus comentários


Primeiro vale lembrar a veracidade do fato: do pó viemos e ao pó voltaremos. Considerar a morte sob o prisma do desespero e da angústia nos leva á uma única pergunta: "Choramos pelos nossos mortos ou choramos pelo nosso desespero, pela nossa solidão, ou mesmo por pena de nós mesmos - chamado autocomiseração."

Mas eu choro.  E não é pela autocomiseração - é pela saudade. Dói e muito.  

Ao longo de meus vinte anos de carreira docente, tive o desprazer de olhar algumas vezes algumas carteiras vazias.  Mas havia alguém sentado ali algum tempo atrás - mas ele partiu e agora resta apenas a carteira vazia.

Ver a tenra idade partir dói mais. Parece que eles tinham mais tempo à viver do que nós mas foram chamados antes. 

Somos humanos. Vale a pena sofrer algumas vezes para libertar a expressão da dor e aliviar a alma.  Há muito tempo que chorar não é sinônimo de fraqueza mas de amor e sentimento com nossos semelhantes.  Não se sinta triste por chorar - é bom.  

O ser humano peca pelo excesso dos limites. Porque viver na beira do extremismo? Será que é tão difícil perceber que o médio é o ideal?

Neste dia, onde nossas lembranças trazem a dor, vamos relembrar algumas máximas da bíblia junto da palavra suave de Jesus.

"Ó Senhor, dá-me o alento de saber que a morte é a porta para o paraíso junto á ti.
Tu mesmo disseste ao bom ladrão:
Em Verdade eu vos digo, ainda hoje estarás comigo no Paraíso (Lc 23,43).
Como cremos em Ti, a morte é o primeiro passo para a vida eterna e é só para os escolhidos por vós, não os sentenciados, e estaremos juntos na ressurreição.
 Vamos pois, orar pelos que se foram para que encontrem a luz sob o manto do Pai Celestial." 

Para encerrar, deixo aqui uma mensagem que vi certa vez escrita em uma parede...

Com o tempo a saudade, jamais o esquecimento...


Decidi não retirar esse texto, porque ele é um protesto.  Solitário, mas um protesto á crueldade humana.

24 - 03 - 2000
KOSOVO
Mulheres de Kosovo dão à luz a bebês gerados em abuso sexual de sérvios

BONN. Um ano depois de iniciados os 78 dias de bombardeios da Otan em Kosovo, completado hoje, a vida de milhares de fugitivos está longe de voltar ao normal. Dos 900 mil kosovares albaneses que deixaram suas casas, 70 mil continuam longe delas. Sobretudo mulheres sofrem os traumas da guerra e da violência sexual praticada pelos sérvios. Isabela Stock, da organização Medica Mondiale, de Colônia, na Alemanha, conta que pelo menos cem bebês nascidos em Pristina e nas redondezas foram abandonados pelas mães por terem sido gerados em estupros.
A organização abriu um centro de terapia em Gjakove, Kosovo, onde trata 650 mulheres que são duplamente vítimas da guerra. Além de terem perdido casa, marido e de serem marcadas pela violência sexual, são punidas pelo puritanismo e patriarcalismo de suas famílias muçulmanas. Mamara, de 17 anos, vive no centro, acaba de ter um bebê e não tem para onde ir.
- Muitas mulheres se suicidam por não encontrarem uma saída para sua situação - diz Isabela, depois de voltar de uma viagem aos centros de terapia da Medica Mondiale.
      Com o marido, Iso, e a filha de 4 anos, Teuta fugiu de Pristina para a Alemanha pouco depois do inicio dos bombardeios da Otan. Há quatro meses teve mais uma menina, Rida, filha de um desconhecido sérvio, gerada em um dos estupros de que foi vítima nas três semanas que passou numa prisão sérvia. Os quatro vivem em Berlim, num quarto cedido pela Prefeitura, mas em breve serão obrigados a deixar a cidade. Com o fim da guerra, os fugitivos perderam o direito de ficar na Alemanha. A mulher que admite ter sido vítima de estupro é abandonada pelo marido e até pelos pais.

Fonte: O Globo

Não deixemos nosso foco espiritual centrar na questão do "aborto" ou do "abandono" mas no "estupro", uma das atitudes "humanas" mais cruéis que podem ser cometidas. É uma desgraça que, no limiar do século XXI, ainda existam "homens" que pensem e ajam desta forma.


Boa leitura e que Deus o abençoe. E se sentir vontade de dizer algo, envie sua opinião ou comentários. Creia.. eles serão bem-vindos.

Reflita sobre isso.